sábado, 25 de junho de 2011

O livro didático "Por uma vida melhor", Heloísa Ramos.


O Ministério da educação lançou o livro didático "Por uma vida melhor"da coleção Viver e Aprender, direcionado ao ensino de Língua Portuguesa para jovens e adultos (EJA), da escritora Heloísa Ramos. O livro divulgado e distribuído pelo (MEC) traz em um de seus planos conteudísticos a diferença entre  norma culta e noma popular e tenta explicar que falar é diferente de escrever. Não tomando consciência do assunto do livro, ou por não terem um conhecimento de língua apurado, gramáticos, jornalistas, dentre outros os meios de comunicação de massa, trouxeram à tona uma abordagem sobre o tema em que os mesmos a  denominaram de tema polemista. Segundo essa comunidade, o livro ensina erros de gramática, que em vez de serem conduzidos ao ensino, deveriam ser evitados. Não condizente com o referente ao livro, pois esse conserva a norma padrão de ensino, a temática do livro não é ensinar erros de gramática, mas deixar claro aos aprendizes que existem variedades de língua que podem ser atestadas na fala. Para explicitar isso, veja alguns trechos retirados do livro.



“É importante saber o seguinte: as duas variantes [norma culta e popular] são eficientes como meios de comunicação. A classe dominante utiliza a norma culta principalmente por ter maior acesso à escolaridade e por seu uso ser um sinal de prestígio. Nesse sentido, é comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros”
“’Os livro ilustrado mais interessante estão emprestado’. Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro?’.’ Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a variante adequada da língua para cada ocasião”
“Na variedade popular, contudo, é comum a concordância funcionar de outra forma. Há ocorrências como:
Nós pega o peixe.
nós – 1ª pessoa, plural
pega – 3ª pessoa, singular
Os menino pega o peixe.
menino – 3ª pessoa, ideia de plural (por causa do “os”)
pega – 3ª pessoa, singular
Nos dois exemplos, apesar de o verbo estar no singular, quem ouve a frase sabe que há mais de uma pessoa envolvida na ação de pegar o peixe. Mais uma vez, é importante que o falante de português domine as duas variedades e escolha a que julgar adequada à sua situação de fala.”
“É comum que se atribua um preconceito social em relação à variante popular, usada pela maioria dos brasileiros. Esse preconceito não é de razão linguística, mas social. Por isso, um falante deve dominar as diversas variantes porque cada uma tem seu lugar na comunicação cotidiana.”
“A norma culta existe tanto na linguagem escrita como na linguagem oral, ou seja, quando escrevemos um bilhete a um amigo, podemos ser informais, porém, quando escrevemos um requerimento, por exemplo, devemos ser formais, utilizando a norma culta. Algo semelhante ocorre quando falamos: conversar com uma autoridade exige uma fala formal, enquanto é natural conversarmos com as pessoas de nossa família de maneira espontânea, informal.”


 Nada tendo a ver com o ensino reprovado de gramática e sim de ensino pluralista, a autora conduz os leitores ao verdadeiro ensino de língua, onde mostra que essa, além de ter a escrita como meio de avaliação, tem a fala como meio de se estabelecerem propósitos comunicativos.
A língua retrata a condição de um povo, então isso deve ser aprendido na escola, para que a partir daí  possa se estabelecer a aceitação das diferenças linguísticas, e portanto, sociais.




Por Priscila

Um comentário:

aluiza araujo disse...

Oi,
encaminhei email sobre esta postagem para as duas.
abrs,
Aluiza