segunda-feira, 13 de junho de 2011

Resumo do trabalho sobre "O falar de Fortaleza" da Profa. Dra. Maria do Socorro Silva de Aragão, UFC.


O falar de Fortaleza sob aspectos Fonético-fonológicos
Introdução

Situada no Estado do Ceará na sub-região Nordeste, Fortaleza, capital do Ceará, é uma das maiores cidades brasileiras em número de habitantes e constitui uma Metrópole Nacional. Fortaleza é também uma das mais conhecidas cidades turísticas do Brasil, famosa por suas praias quentes e por seu povo hospitaleiro. E, assim como a maioria dos estados brasileiros, adentra em uma sociedade dividida em classes que espelha-se no seu estado econômico. Foi a partir dessa perspectiva que propus uma abordagem linguística de caráter social em relação ao falar da população culta e popular dessa região, considerando aspectos, fonético-fonológicos, tendo como base dados de pesquisas em Linguística que tem como tema o fenômeno da despalatatização e o uso da proparoxítona que ocorre na fala dessa população.
A fala culta dos fortalezenses, assim como a fala popular, está relacionada na maioria das vezes a situação social e econômica em que se encontra a população, correspondendo a fala culta à fala de universitários , advogados, jornalistas e outros profissionais de nível superior que se utilizam da norma culta, correspondentes da classe média e alta, enquanto a fala popular, sendo utilizada por pessoas comuns, correspondentes da classe baixa. É bom lembrar que mesmo se utilizando da norma culta, os falantes considerados cultos, não estão excluídos do uso da norma popular, isto por que estão incluídos em contextos de fala em que se veem necessitados desse uso, como em reuniões íntimas, familiares; lugares como feiras, festas, bares, etc.
A Despalatalização

A despalatalização, consiste na troca fonética de um fonema palatal por um alveolar ou linguodental, isto acontece por que a ponta da língua não se apoia no palato ao tentar-se produzir um som palatal.
Esse fenômeno foi percebido na maior parte da população, incluindo as variáveis classe social e escolaridade.
Bergo (1986:70) sobre a despalatização:
“Fenômeno fonético de caráter individual ou regional...”
Percebe-se no falar dessa população esse fenômeno constantemente. As palavras abaixo e a transcrição fonética das palatais e dentais ilustram esse fato.
Palatal Dental
pi [ t ] omba pi [ t ]omba
ba [ t ] a [ t ] a ba [ t ] a [ t ] a
[ t ] erra [ t ] erra
[ t ] apa [ t ] apa

O uso das Proparoxítonas

Outro fenômeno fonético- fonológico que ocorre no falar de Fortaleza é o uso prestigiado ou desprestigiado das palavras proparoxítonas.
Segundo a gramática normativa uma proparoxítona corresponde a palavras cujo acento recai sobre a antepenúltima sílaba, como em pássaro, cálice, útero... O que ocorre na utilização dessas proparoxítonas na fala, é a supressão fonológica de sílabas ou consoantes e vogais tônicas ou pós-tônicas mediais ou finais, passando a serem produzidas como paroxítonas, ou se mantendo como proparoxítona ainda que por pessoas de pouca escolaridade, como no caso abaixo :
Mantendo as proparoxítonas por pessoas de pouca escolaridade:
“drácula” [ ‘dakula ]
“fábrica” [ ‘fabika ]
Transformando em paroxítonas:
pássaro [ ‘pasu ]; cálice [‘kalis ]; útero [‘utu ] .
A transformação devido ao uso de proparoxítonas em paroxítonas se deve principalmente ao fator escolarização.
AGUILERA (1995:816):

“Pode-se afirmar com certeza que, dos fatores extralingüísticos testados, o grau
de escolaridade tem uma ampla influência na escolha entre realizações
proparoxítonas e paroxítonas, comprovado pela preferência de 62% dos
escolarizados por formas proparoxítonas e 64% dos não escolarizados pelas
paroxítonas”.

Considerações finais

Conclui-se que o fenômeno de despalatalização se dá tanto no falar popular, quanto no falar culto dos fortalezenses. Levando em conta a variável escolarização no fenômeno da utilização das proparoxítonas, nota-se que somente os falantes escolarizados e a minoria da população menos escolarizada mantêm o uso das proparoxítonas, e o restante se utilizam de formas consideradas desprestigiadas resultantes da variação desse fenômeno.

Por Priscila Sousa

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